terça-feira, 10 de julho de 2012

Mitologias luzilandenses - I

O segredo da verdade é o seguinte:
não existem fatos, existem histórias
(João Ubaldo Ribeiro em Viva o Povo Brasileiro)
           
Houve um tempo em que hidraviões amerissavam em Luzilândia, nas águas do Rio Parnaíba. Não cheguei a ver nenhum desses aviões, pois é anterior a mim o tempo em que máquinas vindas do céu misturavam-se às canoas dos pescadores que percorriam o “velho monge de barbas brancas” (Da Costa e Silva) que, diga-se, é mais belo que todos os outros rios que passam por outras aldeias, inclusive o próprio Parnaíba, visto por outros olhos e lugares.
Fico a matutar com meus botões como seria aquela alegria dos luzilandenses, acostumados à pacatez do lugar e a um tempo sem atrativos nem comunicações como telefone, TV e Internet, acorrendo das ruas Grande, do Fio, dos Tocos, do Padeiro, descendo o morro em direção ao Rio só para ver tal espetáculo.
O hidravião ficou desde então agregado às mitologias luzilandenses que embalaram os serões de minha infância.
Agora, sem mitologia alguma, o Rio Parnaíba é o rio que passa pela minha aldeia de Luzilândia e é o mais belo de memorar.

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