terça-feira, 24 de julho de 2012

Mitologias luzilandenses - III


Na cidade de Luzilândia (250 km ao Norte de Teresina, 24.721  habitantes)  há uma capelinha dedicada a Luzia, uma trabalhadora rural, assassinada pelo marido ciumento, que, com requintes de crueldade, teria cortado o corpo da esposa em pedaços. É milagreira, tem fama de santa, segundo consta. Muita gente do lugar recorre à alma da finada Luzia Cortada.

foto: Hildengard Meneses Chaves

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Mitologias luzilandenses - II



A “cidade da Luzia” (Santa Luzia é a padroeira da Igreja da cidade de Luzilândia) não era pequena nem grande, como dizem, apenas na medida exata de seus moradores.
Segundo o bem humorado escritor luzilandense Benito Mussolini do Amaral, "Luzilândia fica ao sul de Miami, ao norte de Buenos Aires, a leste de Tóquio e a oeste de Paris" o que, convenhamos, não ajuda muita coisa. O Benito Amaral  é autor de alguns deliciosos livros de humor, como “Miolo de Pote” e do livro de contos "Está ficando divertido”, best-seller que editado em 1981 vendeu nada menos do que 7.000 exemplares em apenas 2 anos. Desconheço eventual reedição. A primeira guardo com carinho e releio sempre.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Mitologias luzilandenses - I

O segredo da verdade é o seguinte:
não existem fatos, existem histórias
(João Ubaldo Ribeiro em Viva o Povo Brasileiro)
           
Houve um tempo em que hidraviões amerissavam em Luzilândia, nas águas do Rio Parnaíba. Não cheguei a ver nenhum desses aviões, pois é anterior a mim o tempo em que máquinas vindas do céu misturavam-se às canoas dos pescadores que percorriam o “velho monge de barbas brancas” (Da Costa e Silva) que, diga-se, é mais belo que todos os outros rios que passam por outras aldeias, inclusive o próprio Parnaíba, visto por outros olhos e lugares.
Fico a matutar com meus botões como seria aquela alegria dos luzilandenses, acostumados à pacatez do lugar e a um tempo sem atrativos nem comunicações como telefone, TV e Internet, acorrendo das ruas Grande, do Fio, dos Tocos, do Padeiro, descendo o morro em direção ao Rio só para ver tal espetáculo.
O hidravião ficou desde então agregado às mitologias luzilandenses que embalaram os serões de minha infância.
Agora, sem mitologia alguma, o Rio Parnaíba é o rio que passa pela minha aldeia de Luzilândia e é o mais belo de memorar.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Agora vou de trem

Este NA TRILHA DO TREM é bem vindo. Acato como desafio, presente de grego, incentivo familiar, partido de Luzia Maninha, Dalila e filhas. Nunca pensei ter um ou ser “blogueiro”. Como dizem,  o homem quando chega aos setenta  entra na era do tenta , vamos tentar. Gozo, ainda, de perfeita saúde e nada como um bom clínico geral para a prova dos nove com adjutório de geriatra, cardiologista, psiquiatra, ortopedista e outras coisitas. No momento a ioga tem resolvido pequenos desarranjos, pois tudo anda bem e ainda não substituíram o cumprimento como vai pelo onde dói.
No Blog teremos verdades e mentiras, diríamos, uma mistura de verdades verdadeiras e ficção.  Esta não passa de uma verdade maquiada.
Chegar aos setenta, ou aos setentinha, no século XXI não é mais vantagem para quem vem do século passado, quando tudo começou, na pequena Luzilândia e no mundo, morrer aos cincoenta  era morrer bem velhinho e demente. Agora a ciência nos segura, com facilidade, até cerca de 100 anos. Havia as exceções, minha avó Carolina faleceu depois dos 100. A mãe do Caetano Veloso, outro setentão, dona Canô, já passou esta barreira. O arquiteto Oscar Niemeyer já está passado dos 104 anos. Que vivam muito mais.
Portanto amigos, parafraseando Zagalo, vocês vão ter que me aguentar.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Na Trilha do Trem... com destino virtual

Depoimento de Valdecirio Teles Veras, por ocasião do lançamento do seu livro Na Trilha do Trem
"O homem escritor: nordestino, advogado de trabalhadores e andreense por opção. Claro que em toda a prosa está por trás o homem, portanto há um pouco de autobiografia. Muitas vezes uma frase, uma única frase ouvida na infância, pode se tornar um conto. Na ficção em si estes fatos autobiográficos ficam diluídos e não se sabe onde se esconde a realidade e começa a ficção. Já no Diário exige mais sinceridade, mas se ficar só na realidade o texto pode parecer careta e narcisista. Ficar na base do eugenismo. Para isso além de me desnudar, busquei a memória ( memória do que aconteceu e do que não aconteceu, como diria Cláudio Willer), “viajei” até minha cidade de origem e trouxe um pouco de minha alma que ficou lá, de parentes, da terra, da sua cultura. É verdade que sempre volto a minha cidade natal para dialogar com a alma que deixei lá. O que está no meu Diário é um relato sincero. Escrevi aquilo que me tocou, que se passou na Região, fora dela, no ano de 1999 e antes dele quando eu mexia com a memória. É um relato sincero, repito, como deve ser toda narrativa não ficcional."
Agora, vamos aguardar os posts neste diário virtual.